quinta-feira, 21 de junho de 2012

Bença no FIT-BH 2012

Por Auristela Sá

                                          O Bando em Belo Horizonte


O Bando apresentou Bença nas Minas Gerais, dentro da programação do FIT-BH 2012 (Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte). 
As apresentações aconteceram na Escola de Samba Cidade Jardim, no alto da comunidade Santa Maria - de lá tínhamos uma vista privilegiada de toda cidade. O local era um pouco distante do centro da cidade e o meu pensamento inicial foi se teríamos público naquele barracão. A resposta veio logo na estréia com um público bonito, expressivo, motivador e interessado.


Bença foi concebido para comemorar os 20 anos do grupo e estreou  no Teatro Vila Velha em novembro de 2010. O espetáculo fala do tempo, da ancestralidade, da morte do respeito aos mais velhos. Os atores contracenam com depoimentos em depoimento em video de Makota Valdina, Cacau do Pandeiro, Ebomi Cici e Bule Bule figuras emblemáticas guardiãs da cultura popular.


A estrutura da peça é totalmente inovadora, precisa-se de um teatro com 20 metros de boca de cena. O FIT preparou um espaço/projeto para as apresentações de Bença e o enredo ganhou corpo e se iluminou na conexão entre atores, no toques de instrumentos, nas danças ritualísticas e na contracena com os videos dos guardiãs da cultura popular e o público.


Para atriz, Valdinéia Soriano o espetáculo foi lindo, surpreendente, pois em Minas o Candomblé não é tão forte. Mas a forma como o público aplaudiu e assistiu Bença comprova o quanto foi aprovado. Quando se faz com público a emoção é outra. Bença é um espetáculo para se circular. 


Para o ator Jorge Washington foi uma emoção ímpar ver o local das apresentações de Bença no topo do morro, na periferia de Belo Horizonte. O local era de difícil acesso e complicado. Um prazer indescritível assistir essa mistura de público, de classe média, alta e baixa se deslocando de longe para assistir teatro. Sinto  que o Bando cumpriu sua função, o teatro cumpriu sua função ali naquele lugar abençoado. O espetáculo fala de respeito, de tempo, de ancestralidade. Ver a casa enchendo, enchendo, pessoas voltando para rever trazendo mais velhos, mais novos. Uma emoção a cada noite, essa junção de gente. A nossa vitória é essa.


A tarefa foi cumprida e o Bando voltou para casa deixando a "Bença" em cada um. Lembro de Jarbas (nosso diretor musical) comentando sobre alguns dos espectadores depois da peça - uns discutiam o espetáculo e de uma moça que queria apenas ficar quieta, só quieta. No silêncio deixado no palco. Bença.

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